sexta-feira, 30 de julho de 2010

camadas

O livro só. Dentro da tarde.

Dentro da tarde. Dentro da tarde.

O livro mais bem guardado.

Envolvido em camadas finas

de tardes alheias

de vozes alheias


Ele não sabe que é livro.

Nem as vozes sabem que são vozes.

Tudo envolto em tarde.


Tudo faz questão de ser.



velha

Aquela velha que habita em ti
Doce e besta
Envolta em fumaça e inveja

A velha que se desvira
Se desfaz. De dentro para fora
em cambalhotas senis.
Rastros de ossos.

Velha de avental e macumba
Velha e pomba
com tempo de sobra
com tempo lhe escorrendo pelos olhos

Olhos de inveja.
Dos amores que passavam por ali.
Dessas velhas que habitam em ti.


quarta-feira, 21 de julho de 2010

Espero que as tuas sejam das mais doces...

Quando diz suas palavras e quando libera seus desejos, você tem mortes atras de mortes, empilhadas e infinitas. Mortes suas mesmo. Ainda que seja doce. E espero que seja. Tens mortes rígidas e seguras de si.
Na curva que se estende de dentro de ti para o mundo a fora, as mortes se acumulam.
Pois nada é e nem nada será como pensas e nessa frustraçao tens a morte.
E entao tens o desejo, depois a vida, o real e tudo aquilo que nao te pertence, tudo aquilo que só pertence ao tempo. Depois, sim, você morre um pouco. Pouco a pouco.
Cada tentativa de tornar real o que está dentro de ti é pura morte. Cada vez menos. Amarga.