Ela ainda de avental,
e por baixo a roupa escolhida depois de horas
de um diálogo aflito com o guarda-roupa
esperando parecer assim...naturalmente linda
enrolada dentro dos limites do que lhe parecia perfeito
Um cd antigo de jazz, meia luz.
e ela nem gostava de jazz. Mas, achava que
tinha assim uma impessoalidade ideal
e ainda de avental
Ela suava, pelo calor na cozinha
pelo nervosismo do que esperava
pelas coisas la fora
panos quentes, ebuliçao e vapor
e a mesa posta
a afliçao dobrada nos guardanapos
o reflexo opaco dos pratos
e tudo aquilo parecia infinito, interminavel
era tao dificil de encontrar naturalidade
como se o encontro fosse com ela mesma
tinha a boca seca. e tinha pouco o que falar.
guardou alguns topicos do jornal de ontem
e esparava nao se aprofundar muito nesses assuntos
mas,agora só a espera
ela sabe que o interfone vai tocar
e entao ela vai ficar indecisa entre abrir logo a porta ou nao
e vai escolher nao abrir,
e vai olhar pelo olho magico, mesmo sabendo quem esta do outro lado
vai abrir a porta com um sorriso de quem esconde toda a afliçao solitaria
entao ela vai pedir que ele espere um minuto
vai caminhar ate o banheiro, se olhar no espelho
e depois do reflexo opaco
ela vai perguntar como foi o dia dele
e entao,
e entao o telefone toca.
o telefone toca e ele nao vem.
senta-se a mesa
indecisa
nao sabe dizer qual solidao é pior
a de antes ou de agora.
e com pensamentos rapidos. e lentos.
ela desdobra devagar os guardanapos
deixando escapar no ar
a afliçao de antes
as musicas do cd ja acabaram
silêncio.
quarta-feira, 8 de junho de 2011
Assinar:
Postagens (Atom)