segunda-feira, 22 de novembro de 2010

tête à tête

Talvez ela tivesse algo nos olhos essa noite, algo que a denunciava de forma cruel e sem volta.
É que por dentro era como se estivesse em um balanço, onde o máximo que se alcança nos dois lados opostos é algo como se perder. E se encontrar. Se perder. Se encontrar.
Possivelmente isso divertia. Ainda que se sentisse revelada, quase que do avesso.
Como se nao bastasse esse ponto, essa chegada ao "se perder" de tempo em tempo, suas palavras de nada valiam. Seguro que podia ver todas aquelas palavras,preposiçoes e pausas como copos no ar, entornando seus conteudos, esvaziando.
Talvez ele juntasse esses copos vazios com o movimento que as maos dela desenhavam e formasse palavras inexistentes, cheias de sabor.Palavras frescas e efêmeras.E talvez por isso ele sorrisse tanto.
Ele se servindo de copos vazios, quase rachados. Ela negando cortejos e flores invisíveis.

É que as vezes eles conversam com palavras ocas. Se lambusando de ausência.
Como se um oferecesse casca de fruta ao outro.
E como se essa fosse a melhor parte...

2 comentários:

  1. Cada vez melhor, Sarita!

    "É que as vezes eles conversam com palavras ocas. Se lambusando de ausência."

    Gostei!

    ResponderExcluir
  2. É lindo...

    Gostaria de provar a fruta inteira, e entender cada ponto e virgulas por completo... Feito quando esta por perto e entendo estrofes inteiras com meia palavra ou nenhuma...

    ResponderExcluir