Maças e tardes
e pernas
e tambem de pés descalços
Do que for natural
visceral e humano
do que se pode provar pouco a pouco
Dos dias crus
sem planos e molduras
das manhas que atravessam cortinas
das coisas espalhadas
que carregam um passado
demasiado recente
Da musica e do que ela provoca
De observar pessoas e seus sorrisos
De guarda chuvas na rua
e do fato de serem quase sempre inuteis
De quando eles tiram os oculos
para escutarem melhor
De quando sao vencidos pelo vento
e apesar de grandes, nao conseguirem
acender seus cigarros
Das amigas
e do andar quase infantil que elas adquirem
quando estao juntas
Das banalidades
da linha sutil que se tem de atravessar
para torna-las profundas, transcedentais
Dos olhos puxados
e do fato de nao me dizerem quase nada
Da melancolia das fotos,
da potencia fragil que todas carregam
Do velho, do gasto,
do que se tornou essencial
De quem vai de bicicleta
e das expressoes que dançam
entre uma concentraçao profunda
e uma total distraçao
Da chuva la fora
Das urgencias, chamados
e saudades
Das atitudes estranhas
humanamente irreconheciveis
Da cor bege dos turistas
e tambem dessa felicidade fugaz
que eles carregam
e que se desmancha na esquina
Do mundo paralelo
quase metafisico que os
reflexos criam
Da expectativa das varandas vazias
e de quem aparece por ali
Dos casais velhos
do tédio doce
e insuperavel
De quem nao tem medo
do silencio e do azedo
Das listras e estampas
e do fato de nada representarem
Do fato de cada um poder ser um mundo
distinto
e ao mesmo tempo criarem
respostas iguais a quase tudo
Do que nao posso entender
das linguas exoticas e insensiveis
Do que é doce
e tambem arisco
Posso quase derreter
com o que vejo daqui.
Só se passaram dez minutos.
Quanto tempo cabe em dez minutos?
terça-feira, 17 de maio de 2011
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Que lindo ... suave, observativo e atemporal. Esse resíduo guardou vc todinha.
ResponderExcluirBjssssssss
Reitero minha convicção de que a cada vez que topo com você seu olhar poético sobre o mundo se torna mais sensível, bonito, interessante e genial. Encantadora.
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